Pai, eu gosto de desportos radicais
Já descobriram alguma coisa que os vossos filhos adoram e que vocês Pais não suportam? De certeza que sim.
Eu descobri que o meu filho adora os desportos radicais e eu fico borradinho de medo com qualquer um que seja.
Há umas semanas, em mais uma festa de aniversário, fomos convidados para um parque radical. É sem dúvida bem melhor que os normais pavilhões fechados cheios de divertimentos. Brincar ao ar livre faz falta a qualquer criança nos dias que correm.
Lá chegamos ao local e todas as crianças reuniram-se à volta do monitor que as iria acompanhar pela festa. Os Pais ficaram ali ao lado a ouvir o menu de desportos radicais. “Vamos fazer escalada, rappel, arborismo e no final um slide”. As crianças gritaram em uníssono “Yeaaaahhhhh”. Os Pais ficaram a olhar uns para os outros. Eu fiquei congelado, à medida que o monitor enunciava as atividade eu pensava para mim “Esta nem pensar, então esta é que não. Slide? Não me viam ali.”
Não posso dizer que nunca tentei fazer estas atividades. Sim tentei, pouco mas tentei. Lembro-me uma vez, numa semana de desporto escolar, terem montado em slide entre os pavilhões da escola. Toda a gente foi e eu estive na fila. Quando chegou a minha vez e já com todo o equipamento vestido, o monitor disse para eu saltar…e eu não saltei. Com muita paciência, lá me tentou motivar a fazer o salto: “Vai lá, vais sentir muita adrenalina. Vai ser espetacular!”. Eu congelado só pensava que iria sentir a minha barriga a explodir e ia gritar tanto que ficaria sem voz.
Lá me sentei na beira do pavilhão. Tentei convencer-me que iria conseguir…mas não. Levantei-me decidido e pedi para retirar o equipamento. Não consegui, saí dali sem fazer o slide.
Ao contrário do Pai (e ainda bem) o mais pequeno cá de casa experimenta tudo e sai sempre com uma cara de satisfação de todos os desafios que enfrenta. “Viste Pai, era mesmo muito alto!”. Ele na maior e eu com o coração aos saltos.
No arborismo passou por vários desafios sem pestanejar. Nós lá em baixo a suster a respiração sempre que ele tinha de mudar o arnês de cabo. “Pai, aquilo é fácil. O monitor explicou tudo muito bem. A segurança é muito importante.”
Fico muito satisfeito com esta “evolução da espécie”. Lá por ter um Pai medricas, o filho não tem de ser igual. Gosto da atitude, gosto do discurso “Pai, eu quero experimentar” e nós só temos de dizer “Vai, coragem”.
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