Os professores precisam de sessões de coaching?
Há muitas maneiras de projetar um programa de coaching, mas a ideia geral é que um educador veterano observa um professor na sala de aula e, em seguida, fornece feedback construtivo. O aconselhamento incide sobre assuntos que vão desde gerir o mau comportamento do aluno até enquadrar questões abertas que levam os estudantes a pensarem melhor. O professor então tenta incorporar o que o coach sugere e o ciclo de observação e feedback repete-se. O número de sessões e a frequência variam.
Os investigadores começaram a estudar rigorosamente o coaching no final da década de 1990 e estão a tentar perceber, nos últimos 10 anos, se a atividade funciona e se os programas são melhores do que os seminários que os professores geralmente aprovam ao seu “desenvolvimento profissional”.
Agora, uma equipa de pesquisadores chegou a uma conclusão frustrante: o coaching pode ajudar, mas ninguém descobriu como expandir com sucesso programas para que atinjam muitos professores.
O coaching para professores deve ser pensado para todos?
“Observamos que o coaching é menos eficaz à medida que os programas se alargam a mais professores”, disse Matthew Kraft, professor da Brown University. “Ele levanta questões reais sobre se o coaching deve ser dimensionado para todos”.
Kraft começou a sua pesquisa em coaching juntamente com o colega David Blazar quando eram estudantes da Harvard Graduate School of Education. Eles ficaram perplexos com os resultados de um estudo em que estavam a trabalhar em Nova Orleães, onde o ensino melhorou durante o primeiro ano de coaching em 2011, mas não tanto nos segundo e terceiro anos. Os investigadores queriam entender estes resultados e se havia lições a tirar para quem implementa políticas.
Kraft e Blazar, agora na Universidade de Maryland, têm angariado todos os estudos relevantes sobre coaching de professores. Eles calcularam os resultados de 60 programas e descobriram que, em média, o coaching melhorou muito a qualidade da instrução na sala de aula, conforme avaliado por observadores externos.
Mas o impacto na média do desempenho académico dos alunos, medida por avaliações de leitura ou matemática, foi reduzido. O seu último estudo, também com Dylan Hogan como coautor, foi publicado no mês passado na Revista de Pesquisa Educacional.
Ganhos do coaching na sala de aula são melhores do que os obtidos em seminários
O pequeno “boom” académico pode decepcionar os defensores do coaching, mas nem tudo são más notícias. Os pequenos ganhos são melhores do que os pesquisadores contabilizaram depois dos professores frequentarem seminários de coaching ou oficinas de verão, o que custou aos sistemas escolares milhões de dólares a cada ano.
Kraft ressalta que seria irrealista esperar que o desempenho dos estudantes melhorasse tanto quanto a qualidade instrucional. À medida que os investigadores desvendaram os resultados, perceberam que alguns programas apresentaram resultados muito melhores do que outros, tanto para qualidade de instrução quanto para a realização dos alunos.
Surpreendentemente, os benefícios do coaching não melhoraram com o número de sessões. Em alguns casos, os coachs reuniram-se com professores apenas três ou quatro vezes. Em outros casos, foram 15 sessões. “A qualidade do feedback pode ser mais importante do que a quantidade real”, disse Kraft.
Problemas na implementação do coaching em larga escala
À medida que os programas de coaching aumentam, Kraft notou vários problemas comuns de implementação. O primeiro é que a qualidade do coaching se deteriora. Pequenos programas de coaching são muitas vezes desenvolvidos por investigadores académicos que fazem coaching a eles próprios ou fazem coaching a um pequeno grupo de professores de forma específica, o que acaba por ter resultados personalizados bastante eficazes.
Um segundo problema é o entusiasmo. Em programas pequenos e bem sucedidos, os investigadores descobriram que os professores gostavam do processo de coaching e queriam melhorar as suas técnicas de ensino. Quando o coaching se torna obrigatório em todo um sistema educacional, nem todos os professores estão abertos a ouvir comentários críticos e mudanças.
Um terceiro problema é o agendamento. É difícil encontrar momentos convenientes para os professores e os coachs se encontrarem.
O que deve ser feito?
Kraft diz que uma opção é limitar quem recebe coaching e não o tentar fornecer a todos os professores. A tecnologia também pode ser uma resposta. Atualmente, Kraft está a estudar se é possível eliminar a logística de observações em pessoa e as sessões de feedback.
A montagem de câmaras de filmar na sala de aula permitiria que um coach revisse e fornecesse comentários mais tarde por videoconferência. Se isso será tão eficaz quanto o coaching pessoal é desconhecido.
Outros modelos também incluem auscultadores nos ouvido, onde professores experientes dão sugestões a um professor enquanto ele ou ela está a ensinar, assim como um produtor de notícias de televisão orienta um apresentador nas notícias dos telejornais.
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