Será que tenho mesmo o direito de me passar com os meus filhos?
Todos conhecemos a história – andamos cansados, no fio da navalha. Chegamos a casa, ainda temos jantares para orientar, banhos para dar, roupa para estender e a única coisa que esperamos é que os miúdos cooperem. Pedimos que assim que cheguem despachem os trabalhos de casa e sigam para o banho e prometemos que vamos deixá-los ver alguns desenhos animados antes do jantar.
Mas a disputa começa no carro. Não te consegues lembrar bem do motivo mas sabes que deve ser por um disparate qualquer. Procuras responder com serenidade e esperas que cumpram com o prometido assim que carregares no botão do elevador.
Mas não. Começam por dizer que estão a “morrer de fome” e que o dia foi “mega puxado” e que seria bom “conseguirmos descontrair um pouco antes de fazermos os trabalhos de casa”. Não te vou relatar o discurso que se segue – possivelmente já conheces. E, de repente, já sabes o que acontece. Passas-te! Nunca cumprem com o que pedes e se não vai a bem, então que seja a mal.
“Eu não quero ter de gritar mas são vocês que me obrigam.”
“Vocês querem mesmo ver-me do avesso não querem?”
Possivelmente usas frases como as acima na tentativa de fazeres ver que a tua intenção é a melhor, que tens paciência e que só te “passas” porque aguentaste até ao fim.
Se o (teu) gritar ou se um (teu) comportamento mais exuberante não é questão para ti – ou seja, convives bem com isso – então está tudo bem. Se a resposta não for bem assim, então continua a ler.
Pequeno tratado sobre autorregulação
Ora bem, então está na hora de falarmos sobre autorregulação e se temos o direito de nos ‘passarmos’ ou não.
Gritar, como expliquei no Berra-me Baixo é uma decisão que tomamos. Não tem a ver com o outro e sim com a minha incapacidade em gerir uma determinada situação. Possivelmente, numa mesma circunstância, com público à mistura ou com outras pessoas, o meu comportamento poderia ser bem diferente. Todo o comportamento é uma decisão pessoal, sobretudo quando é um comportamento que se repete. Não são os outros. Somos nós.
Naturalmente, que tenho o direito de me passar com comportamentos, com atitudes que me parecem desadequadas. No entanto, não tenho o direito de magoar humilhar nem de tratar o outro mal. É aqui que reside a grande diferença. Tal como expliquei no Berra-me Baixo, em nenhum sítio nos dizem que ralhar tem de ser a gritar. Claro que devo ralhar se isso significa corrigir, modelar, orientar. E posso fazer isso sem ser aos gritos e antes com uma voz firme. Não podes dizer as coisas de forma fofinha quando estás zangada, claro. Isso só iria confundir o teu filho. Firmeza é o segredo. Falar ainda mais baixo e… acompanhar! Andar em cima para que não se distraiam e tornem rotinas algumas das coisas que são precisas serem feitas.
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