Sabe mesmo escutar ativamente?
Muito se tem ouvido falar em escuta ativa mas a verdade é que somos ainda muito poucos a saber fazê-lo. Nesta formação um dos módulos é, precisamente, a escuta ativa. No final da primeira sessão, a maior parte dos participantes está de acordo que o mais difícil de fazer é, efectivamente, escutar.
Porquê?
1 – Fazemos interpretações, julgamos e por vezes até condenamos
“Eu nunca faria isso! Se fazes assim, então é porque… ”
“Que sorte que tens!”
2 -Procuramos pôr em comum
Eu também! Está sempre a acontecer-me o mesmo.
Oh! A mim nunca é assim.
E escutar o outro é só escutá-lo, silenciando o que vai dentro de nós.
3 – Salvar
“Deixa lá, vais ver que vai correr bem! Não te preocupes, não penses mais nisso!”
Escutar é escutar. Há momentos que a coisa mais importante a fazer é mesmo só isso. Sem dar soluções ou ideias ou palmadinhas nas costas.
Escutar é mesmo um ato de coragem!– Magda Gomes Dias
Mas se por um lado fazemos todas estas coisas acima somos, ao mesmo tempo, muito passivos na escuta. Colocamos questões fracas e que muitas vezes não mostram genuíno interesse e não ajudam os miúdos a explorarem respostas ou outras formas de ver a questão.
Repara que nem sempre tens de ter resposta da criança mas quando a questão fica lá dentro…
Aqui ficam as dicas para se fazer uma escuta ativa como deve de ser:
- Há quem diga que é impossível não julgar, interpretar. E eu estou de acordo.
Mas podemos sossegar os nossos pensamentos, permanecendo focados no que a pessoa à nossa frente está a dizer. - Fazer pausa na nossa agenda pessoal e deixar as nossas ideias e percepções de lado, procurando ver o que é que o outro está a ver.
- Escutar com interesse genuíno, eliminando qualquer tipo de distração.
- Interessa-te. Olha para o teu filho. Para as expressões giras que faz. Segue os olhos dele sempre que puderes – esta é uma excelente técnica de te esqueceres de ti e te entregares totalmente à conversa.
- Procura ser o mais empática possível. E toma nota: ser empática não é concordar nem ceder.
- Trabalha a flexibilidade cognitiva – e para o fazer coloca boas questões, ajudando o teu filho a olhar para as questões (sempre que se justificar) por outro lado!
Escutar é, por isso, um ato de coragem porque implica que saibamos praticar uma escuta silenciosa, que respeita o outro nos seus receios, ansiedades e expectativas, sem termos de o salvar, dar sugestões ou interferir. Não é fácil, é certo, mas quando o sabemos fazer, é mágico e tranquilo.
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