Quais os desafios para o sistema educativo em Portugal?
Desde que a OCDE começou a aplicar o teste Pisa, em 2000, Portugal foi dando “pequenos passos” e atualmente conseguiu que os seus alunos 15 anos estivessem acima da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que reúne os países mais ricos do mundo.
Durante uma década e meia, Portugal manteve este histórico de melhoria nos seus resultados sem apostar em qualquer estratégia educativa importante, apenas a investir nas pessoas que compõem a comunidade escolar, especialmente mães e crianças de 0 a 6 anos de idade.
Muito para melhorar no sistema educativo português
Apesar dos resultados positivos, muitos acreditam que ainda há muito a melhorar. Um deles é o professor António Gomes Ferreira, diretor da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, que recomenda em artigo publicado na BBC prudência na leitura dos dados.
“O Pisa reflete um bom desempenho, mas não uma boa posição: Portugal está apenas ligeiramente acima da média da OCDE, que ocupa um lugar intermediário”, afirma.
Entre os 72 países participantes do teste, a pontuação de Portugal na última avaliação foi oito pontos acima da média em ciências, cinco pontos em leitura e dois pontos em matemática.
As posições finais dos estudantes portugueses, por disciplina foram:
- 17 Em ciência
- 18 Em leitura
- 22 Em matemática
“O que Pisa e outras avaliações mostram é que Portugal apresenta o nível de país desenvolvido, mas ainda está longe de se juntar aos que estão no topo da tabela”, acrescenta Gomes Ferreira, que coordena o Grupo de Políticas Educativas e o Centro de Estudos para a Educação Dinâmica Interdisciplinar do Século XX (Ceis20).
No entanto, o especialista reconhece que não é por acaso que o país mostra progresso na avaliação e concorda que isso merece ser reconhecido, considerando que este aspecto está relacionado com a melhoria na escolarização das mães.
Políticas básicas para apoiar os pais de bebés
Um relatório de 2017 também indica que apenas 15 países, incluindo Portugal, adotaram três políticas nacionais básicas para apoiar os pais de bebés e crianças pequenas durante o período mais crítico do seu desenvolvimento:
- Dois anos de creche gratuita
- Pausas para amamentação no trabalho para novas mães por seis meses
- Licença parental adequada
“Este aspeto (o desenvolvimento das crianças nos primeiros anos de vida) pode ser tão ou mais relevante para esses resultados do que um método ou outro aplicado à educação”, diz Gomes Ferreira.
No entanto, enfatiza que este é um desafio para o qual o Estado e a sociedade ainda precisam de se mobilizar, ampliando a oferta de creches e jardins infantis para todos e atendendo outras necessidades nas áreas da saúde e materno-infantil.