A propósito da relação entre irmãos…
Os irmãos não estão sempre de acordo, nem conseguem dar-se sempre bem. Os pais ficam tristes e preocupados, no entanto, a discórdia e o conflito entre irmãos fazem parte do processo de crescimento e individualização de cada um; como tal, é suposto acontecerem.
Em idades precoces e próximas, os irmãos rivalizam com frequência, comparam-se, criticam-se e magoam-se, por vezes psicológica e fisicamente. O recurso aos gritos é frequente; por vezes, chegam mesmo a bater-se e os pais vêem-se na obrigação de intervir, já cansados e sem saber a quem atribuir a culpa, quem começou e quem continuou.
Os pais ficam irritados, preocupados com o impacto de determinada atitude num dos filhos. Nem sempre é fácil serem imparciais e lamentam que a relação entre os filhos não seja de companheirismo, protecção e entreajuda.
Apesar das guerras entre irmãos, a cumplicidade, o afecto entre irmãos e a protecção que podem desenvolver entre eles tem efeitos positivos e podem estender-se ao longo da vida. No entanto, é preciso que a relação seja saudável e benéfica para todas as partes.
Os pais podem ajudar no desenvolvimento equilibrado da relação entre os irmãos, promovendo oportunidades para que possam construir a coesão da relação fraterna, proporcionando que os filhos criem uma relação única, só deles, que será de extrema protecção para o resto da vida e nas diferentes fases.
Como? Deixo algumas ideias:
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Tenha sempre presente que, apesar de irmãos, são pessoas individuais e únicas, pelo que poderão ser muito diferentes, não havendo um melhor do que o outro ou um que deve seguir o outro;
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Conheça bem as diferenças entre os seus filhos, enaltecendo os pontos positivos de cada um, garantindo que todos se sentem bem e orgulhosos das suas características e admiram também as características do outro;
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Apesar de ter um filho que refila mais ou tem piores comportamentos, não deixe de estar atento ao mais sossegado. Nem sempre as crianças ou os adolescentes muito quietos e com comportamentos correctos são os mais saudáveis;
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Promova momentos de qualidade e únicos com cada um dos seus filhos, dedicando-se, nesses momentos, ao que ele precisa e gosta;
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Não faça comparações. Sei que é difícil e quase automático, mas deve evitar as comparações entre irmãos;
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Encontre tarefas em casa em que os ponha a colaborar entre si, desenvolvendo a coesão e a união entre ambos;
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Proporcione momentos lúdicos, como jogos em equipa, em que os irmãos possam jogar juntos;
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Ensine-os a serem solidários um com o outro e a respeitar as diferenças, dificuldades e características de cada um;
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Não permita que gozem com as dificuldades ou características um do outro;
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Dê-lhes espaço para gerirem e resolverem as brigas e discussões. Não ceda à tentação de se intrometer e não os deixar desenvolver um espaço de resolução e conciliação;
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Se algum dos seus filhos apresenta maior dificuldade em responder, defender-se ou expressar a sua vontade ao irmão, ajude-o a desenvolver essas capacidades;
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Converse com os seus filhos frequentemente, em conjunto, respeitando e proporcionando oportunidades em que todos possam dar a sua opinião e em que todas as opiniões sejam respeitadas;
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Transmita-lhes com frequência que todos são diferentes e que cada um pode gostar e fazer o que gosta. No caso de ter um filho mais velho já desportista ou a desenvolver uma actividade extracurricular desde pequeno, tenha cuidado se optar por colocar o seu filho mais novo na mesma actividade. Nestas situações, com frequência, corre o risco de o seu filho mais novo, mesmo que não goste da actividade, se sentir pressionado a continuar para ganhar o apreço dos pais e, até, do irmão;
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Tenha cuidado na tomada de partidos em discórdias entre irmãos;
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Ajude-os, individualmente, a desenvolver a sua independência, gostos próprios, autonomia, competências e interesses.